BRUMADINHO E A GESTÃO PÚBLICA AMBIENTAL

As evidências de que a gestão pública ambiental não funciona não param de emergir. Agora estamos diante da catástrofe de Brumadinho e nos perguntamos como foi que as licenças ambientais foram concedidas? Onde estava a fiscalização ambiental que não foi capaz de evitar tão esperada desgraça?

A resposta é simples: os órgãos ambientais estavam muito ocupados fiscalizando criatórios legais - ou seja, aqueles que fazem tudo dentro da lei - com direito a cena de filme policial, meia dúzia de viaturas da Polícia Federal "causando" e dezenas de agentes uniformizados aterrorizando animais em fase reprodutiva, funcionários e empreendedores. Estavam designando um sem-número de servidores para operações de apreensão de animais de tudo quanto é espécie, mesmo sem saber se os animais estavam legais ou não. Os donos depois que se virem. Estavam arrancando papagaios de estimação de senhorinhas septuagenárias que estavam cumprindo sua função social há gerações, sob a justificativa torta de "salvar os animais". Estavam espalhando sua própria ignorância sobre as espécies que indiscriminadamente apreendiam e sua autoridade abusiva, dando uma banana para a lei.

Pois bem, o viés ideológico que acometeu os órgãos ambientais pelo menos na última década e meia, concentrou-se na fiscalização de atividades com impactos mínimos e não comprovados ao ambiente, como acachapar empreendedores de criatórios de animais e zoológicos a ponto de hoje restarem dois ou três criatórios legais, botando gasolina na já alta fogueira do tráfico de animais silvestres e nativos, por exemplo. Os grandes empreendimentos, com potencial de dano incalculável, como o que tragicamente testemunhamos mais uma vez, passam desapercebidos pelas forças de repressão ambiental. Que bela estratégia, não?

A preocupação dos órgãos ambientais com esse tema desviou-se de sua competência constitucional mais óbvia: proteger as pessoas. A energia e recursos gastos com atividades ambientalmente irrelevantes e ainda, vantajosas para as presentes e futuras gerações, fê-los negligenciar criminosamente vidas humanas.

Onde estavam os técnicos dos institutos ambientais federais e estaduais de Brumadinho? Estavam prejudicando a fauna brasileira com sua ignorância e arrogância ideológica.

Deu no que deu.

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