CONCURSO PÚBLICO: O QUE O JOVEM QUER NÃO É ESTABILIDADE.


Nesse vídeo, Luiz Felipe Pondé faz uma importante reflexão a respeito do sonho dos jovens, em especial daqueles que Cursam Direito.



De fato, é uma tragédia uma sociedade que empurra o jovem para a escolha do concurso público ao invés do empreendedorismo, porque é uma situação autofágica. Sem geração de riqueza uma sociedade desaparece. E quem paga os salários dos servidores públicos é justamente a sociedade. Quanto mais empreendedora, mais rica.



No entanto, diferente do que entende Pondé, esse jovem não sonha em fazer um concurso público já na faculdade visando a estabilidade/vitaliciedade do cargo público. Ele escolhe passar alguns anos estudando pra concurso porque ali estão as melhores oportunidades de bons rendimentos, realização de sonhos e qualidade de vida. A estabilidade chega a ser insignificante, nesta avaliação. Se os ganhos fossem 10% do que são hoje, não haveria estabilidade que segurasse a juventude nesse sonho.



O caso é que o problema também não está em pagar bem demais os servidores efetivos ou vitalícios. E muito menos na estabilidade ou vitaliciedade, que, como já vimos, acabam por ser uma garantia para a própria sociedade, pois viabiliza a prestação técnica - e não política - do serviço público.


A questão é por que a iniciativa privada é tão desinteressante. Por que a expectativa de um cargo público ganha das possibilidades de altos ganhos que toda iniciativa no setor privado deve, necessariamente, oferecer?

O jovem que cursa a Faculdade de Direito não quer ser advogado porque as suas chances de sobrevivência, realização de sonhos, realização pessoal, crescimento e felicidade são extremamente diminutas! O mercado de trabalho da advocacia oferece salários abaixo do piso, para profissionais com cursos de Especialização e certa experiência. Para os iniciantes oferece emprego de "motoboy, com OAB". Os mais experientes trabalham muito mais que oito horas diárias, frequentemente trabalham à noite, em finais de semana e feriados cumprindo prazos, para receber salários baixos, sem quaisquer perspectivas de uma vida melhor.

Para o advogado empreendedor, não há apenas todos os absurdos riscos, compromissos, limitações, e achaques do Estado que todo empreendedor sofre. Ele não se depara apenas com uma economia que achata o empreendedor e que propaga que empreendedores são do mal. Ele ainda tem que enfrentar os limites medievais que as normas éticas da OAB impõem para que consiga um lugar ao sol neste mercado hostil.

Então, o jovem vê rapidamente que se ele não tiver três pilares (sobrenome que lhe abra portas, grande quantidade de dinheiro para que sobreviva aos longos anos necessários para a construção de sua marca e reputação dentro das normas da OAB e/ou uma eficiente rede de contatos, que lhe garanta contratos substanciais e duradouros), ele simplesmente não conseguirá sobreviver da advocacia. Então ele sucumbe ao concurso público.

A escolha pelo concurso público ao jovem aluno de Direito é uma questão de mercado, apenas. E não está em seu poder mudar o mercado no qual tem que fazer escolhas para sobreviver.

Nota: ZAMONER, Marília. Sobrevivendo da Advocacia. Editora Protexto, 2007.

Comentários

  1. Artigo corajoso. Põe o dedo no alvo da ferida! Está aí a verdade crua e nua de quem conhece o assunto. Parabéns!

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